segunda-feira, 3 de agosto de 2015

A reação necessária














Os processos de Guido Mantega contra o imbecil que o insultou e de Lula contra a revista Veja indicam uma reviravolta no comportamento dos petistas. Antes tarde do que nunca, mas todos precisam ser cobrados pelo silêncio anterior.

Os governos federais do PT foram marcados por uma exasperante pusilanimidade perante os abusos dos adversários, em especial a mídia corporativa. É razoável afirmar que essa tolerância incentivou a escalada selvagem da direita, ao menos quanto à presunção de impunidade.

Não alimento ilusões no equilíbrio do Judiciário, especialmente nas instâncias superiores, túmulos inevitáveis de qualquer ação contra mentirosos e agressores oposicionistas. Mas, se o pedido reparatório tem pouca serventia pragmática, sua função pedagógica é inegável.

Tivessem agido nos primeiros ataques maliciosos, os petistas conteriam a naturalização da hidrofobia reacionária. Talvez hoje contassem com uma ou duas vitórias simbólicas que evitassem os crimes eleitorais de Veja e os vazamentos seletivos da Lava Jato.

Há uma grande confusão entre passividade e o tal “espírito republicano” defendido por alguns petistas. Republicanismo é exigir proteção legal contra a calúnia, a difamação, a injúria, a agressão. É cobrar das instituições um comportamento digno de suas prerrogativas no estado de Direito.
                                   
Mas não devemos reduzir todas as agressões da direita a uma simples culminância da inação das vítimas. O atentado ao Instituto Lula, por exemplo: na conjuntura atual, ele pode ter sido motivado exatamente pelo início de reação petista, que inclui as ações judiciais, o apoio dos governadores a Dilma, as manifestações antigolpe, etc.

A violência também é uma resposta desesperada à recuperação da dignidade do campo governista. Isso torna evidente que os tempos de masoquismo cívico do PT ficaram num passado irrecuperável. A não ser, claro, que a barbárie prevaleça.

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