segunda-feira, 8 de dezembro de 2014

O que Francis diria?
















Em 1997, Paulo Francis foi processado nos EUA por diretores da Petrobrás, que ele chamara de “uma grande quadrilha”. Há quem diga que a pressão resultante agravou a cardiopatia do jornalista, levando-o à morte pouco depois.

Acontece que o generoso tratamento da Justiça brasileira à irresponsabilidade acusatória não tem equivalentes internacionais. Nas cortes estrangeiras, qualificar a Petrobrás de quadrilha ou o PT de “organização criminosa”, como faz Aécio Neves, exige provas do falastrão. E a brincadeira sai caro.

De qualquer forma, porém, Francis não conseguiria reunir material para defender-se nas cortes dos EUA, porque a blindagem dos governos demo-tucanos envolvia todos os campos institucionais, principalmente o Judiciário. Um presidente podia ser reeleito graças a parlamentares subornados, para citar um exemplo notório e incontroverso.

Os comentaristas que hoje bradam “ele já sabia!” preferiram na época assistir à fritura do colega, em vez de investigar os contratos da empresa, inquirir fontes, traçar uns cálculos rudimentares. Tiveram o mesmo comportamento nas privatizações e, depois, durante a vigência da máfia dos cartéis metroviários do PSDB.

Mas a solidariedade póstuma da turma esquece o principal: se o jornalista estava certo nas suas acusações, os esquemas corruptos já vigoravam na estatal durante o governo FHC. Esse fato desqualificaria a propaganda do PT malvado e corroboraria a imagem saneadora da gestão Dilma Rousseff.

Vemos, portanto, que a memória de Francis é útil para entendermos o país, dezessete anos depois. E não apenas pelo que insinuava da Petrobrás e seus contratos.
  


Um comentário:

Anônimo disse...

Bom dia Guilherme, gostaria de entender o por que? em oito anos de Governo do Lula / PT nunca apurou essas informações do Francis, você tem alguma explicação logica?