sexta-feira, 18 de julho de 2014

“O teorema zero”






















Terry Gilliam retorna ao universo exagerado e caótico de “Brazil” (1986). Também existe algo de “Os 12 macacos” (1996), embora a principal ligação que mantenha com este seja a referência explícita ao clássico “La jetée” (1962), de Chris Marker. Em todos os casos, inclusive na obra-prima do mestre francês, a tecnologia possui uma aparência arcaica e desajeitada, mas exerce grande poder sobre a vida humana.

A produção, de recursos limitados, aposta na cenografia e nos figurinos para criar um ambiente retrógrado e kitsch, cheio de traquitanas, cores berrantes, muitos ícones que marcaram os primórdios da informática. O conjunto visual remete aos filmes toscos de ficção científica das décadas de 1960 e 70.

O elenco tem diversas estrelas em papéis coadjuvantes. Christoph Waltz, um dos maiores atores do cinema atual, entrega-se ao protagonista com o vigor de sempre. Sua figura tem muito de Bob Geldof em “The wall”, e há uma cena com a excelente Mélanie Thierry que talvez admita essa menção.

Mais do que uma distopia futurista, é uma crítica mordaz ao mundo contemporâneo. Tem momentos hilariantes, muitos detalhes curiosos, trilha sonora impecável. Parecerá meio barroco e histérico para os espíritos mais serenos, mas é desse estranhamento que retira sua força.

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