segunda-feira, 30 de setembro de 2013

Tudo como dantes

 

O afastamento do PSB da aliança governista federal tem sido superestimado. O estrago que muitos anunciam não se realizará, agora ou em médio prazo, no âmbito legislativo ou no eleitoral.

Os votos no Congresso e os acordos regionais do partido continuarão seguindo conveniências que pouco ou nada têm de programáticas. E Lula está certo ao especular que a separação pode ser revista dependendo do quadro sucessório de 2014. Ou seja, que ela esconde uma corriqueira chantagem fisiológica.

A questão da governabilidade é relevante, muito mais complexa do que definem os puristas da moral alheia. E o PSB tem bons quadros. Mas, convenhamos, ele nunca se dedicou realmente ao projeto político liderado pelo PT, ou a uma estratégia mais ampla de poder que tivesse algum contorno progressista.

Qualquer desses objetivos seria inconciliável com o apoio a governos estaduais e municipais demo-tucanos, particularmente em São Paulo, onde o partido fortalece a blindagem imoral de Geraldo Alckmin na Assembléia Legislativa. Um mínimo de coerência doutrinária também evitaria a filiação oportunista de conservadores e excêntricos que descaracterizam o memorável histórico da sigla.

Legenda satélite da direita paulista, crucial para a sobrevivência de um antipetismo dissimulado nos rincões, o PSB cumpre papel apenas burocrático no delicado equilíbrio da base aliada nacional. Curiosamente, aliás, suas pretensões à independência eleitoral não foram suficientes para afastá-lo também do comprometedor elo com o PSDB. Eis bons indícios do que representará a candidatura de Eduardo Campos nas disputas vindouras.

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