sexta-feira, 16 de agosto de 2013

Estranha curiosidade















Por que o governo de São Paulo e o Ministério Público local se esforçam tanto para ter acesso aos documentos da investigação sobre o propinoduto do metrô? Como poderiam contribuir para a apuração de falcatruas que eles próprios foram incapazes de conter, durante anos de lucrativa impunidade?

Alguém poderia sugerir que o objetivo é tirar do governo federal o protagonismo do episódio, criando uma agenda para Geraldo Alckmin teatralizar sua indignação. Outros, mais conspiratórios, pensariam numa estratégia para pressionar os delatores, destruir provas e apagar os rastros não explorados. Há ainda a suspeita de que se trata de uma tentativa de preparar a defesa dos atingidos.

Todas essas hipóteses passam de alguma forma pela atuação da imprensa paulista. O segredo judicial atrapalha as manobras tradicionalmente usadas pelos grandes veículos para favorecer os interesses tucanos: desqualificação de fontes, evidências, investigadores e denunciantes;propagação de factóides que atinjam os adversários do PSDB; desvios de foco para minúcias técnicas ou fragilidades irrelevantes do processo; criação de bodes expiatórios que assumam o desgaste dos caciques políticos.

A única maneira de fornecer às redações o material necessário é através de vazamentos seletivos dos dados que aquelas autoridades vêm exigindo. Mas vamos continuar imaginando motivos mais honrosos e desapegados para o súbito aparecimento do seu interesse, depois de quase uma década.

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