sexta-feira, 30 de novembro de 2012

“Argo”



















O que explica o sucesso de tantos atores que enveredam pela direção é a experiência no trabalho dramático e a afinidade com o universo criativo dos seus pares. De George Clooney a Selton Mello, passando por inúmeros exemplos de todas as nacionalidades, a capacidade de extrair boas interpretações sobrepõe eventuais inseguranças próprias aos novatos no ofício. A presença de técnicos hábeis garante o resto.

Ben Affleck não foge ao modelo. Mas seu terceiro longa-metragem como diretor destaca-se dos anteriores na segurança com que transita por diferentes climas e ritmos, sem perder o controle da unidade. Muito desse resultado nasce do excelente roteiro do jovem Chris Terrio, que transformou uma passagem real meio desinteressante numa obra divertida que une comentário político, drama de espionagem e sátira ao universo hollywoodiano. Forçando a análise (rumo à falta de verossimilhança e de fidelidade histórica, por exemplo), pode até conotar certo esforço metalingüístico.

“Left-wing bullshit”, diria o velho Clint. Justamente por essa afinidade com o padrão cool da intelectualidade local, e pelo espírito saudosista em voga, o filme se credencia como candidato a alguma coisa no próximo Oscar. Talvez fosse oportunidade para reconhecer o sensacional John Goodman, cujos momentos com Alan Arkin são impagáveis.

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