segunda-feira, 14 de maio de 2012

Satisfeitos?


Coisa de torcedor, talvez, mas continuo achando que o elenco da Ponte Preta era o único interiorano com alguma chance de vencer o Santos na final. Ao ótimo Gilson Kleina, porém, falta a leitura de jogo que Oswaldo Alvarez (de longe o melhor técnico do Paulista) mostrou quando necessário. Vadão merece todos os louros pela campanha do Guarani no Paulista.

A semifinal no Brinco de Ouro provou a força que o Bugre teria se realizasse o primeiro jogo decisivo nos seus domínios. O título santista foi selado nos 3 a 0 da semana passada, um placar que dificilmente ocorreria em Campinas. O Peixe é inegavelmente superior, mas o primeiro tempo da finalíssima sugeriu que o nervosismo poderia atrapalhar o campeão numa situação menos vantajosa.

Essa conta deve ser cobrada de Marcelo Mingone, o presidente bugrino, que pareceu estranhamente resignado com a escandalosa transferência dos jogos para o Morumbi e deixou escapar até alguma satisfação com os lucros resultantes. Mas a discutível vantagem financeira não compensou as duas goleadas e os sacrifícios da torcida. O Guarani seria capaz de suportar a pressão dos bastidores, com um pouco de virulência e profissionalismo. Se existiu outra espécie de método persuasivo por parte da FPF, Mingone teria a obrigação funcional de escancará-lo.

Quantos pênaltis como aquele do segundo gol santista já foram marcados, numa decisão, para um time desprestigiado, contra um adversário poderoso? Voltando um pouco no tempo, e repetindo o mesmo beneficiário da atualidade, quantos gols de times “grandes” já foram anulados como o do Santo André na final de 2010?

Nenhum, jamais. Por isso não sabemos como reagiria a combativa crônica esportiva se um favorecimento de tamanha importância lesasse os seus protegidos. Esses “erros” de arbitragem, tão involuntários e casuais que inevitavelmente escolhem os lados certos para favorecer, deixam claro que as mudanças necessárias no futebol nacional escondem-se muito mais fundo que as meras idiossincrasias de regulamento.

A propósito, antes que recomece a ladainha da imprensa paulistana contra o recém-terminado campeonato, é importante registrar que tal descontentamento não tem nada a ver com a suposta previsibilidade do resultado. Foi exatamente a ausência nas finais de Corinthians, São Paulo e Palmeiras que derrubou os prognósticos do favoritismo bairrista e agora canaliza suas frustrações para reivindicar mudanças futuras que dificultem esses desagradáveis golpes do destino.

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